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Serei eu aquilo que penso?



Serei eu aquilo que penso?

- Não. Eu sou "aquele" que observa o pensamento.


Embora isto seja óbvio, crescemos a identificarmo-nos com tudo o que pensamos. Acreditamos que o que pensamos é verdade. Equivocamo-nos quanto à nossa verdadeira identidade.

Com frequência trazemos o passado para o presente, e levamos este para o futuro. Desta forma, e pela falta de presença no "aqui e agora", deixamos escapar o presente. Se estivermos atentos (presentes no presente) percebemos que a Vida só acontece no aqui e agora.


Do passado, se as memórias forem boas, sintamo-nos gratos por termos tido a oportunidade de vivenciarmos bons momentos. Se, pelo contrário, as lembranças são más, tiremos as lições necessárias. Em ambos os casos, façamos questão de deixar o passado no passado. Não fazê-lo implica um amontoar de passado na nossa mente, que pouco espaço deixa para o presente. Para além de nos poder deixar exauridos, sem energia.


Quanto ao futuro, não conjeturemos sobre o que poderá, ou não, acontecer. Não vivamos por antecipação.


É verdade que o passado e o futuro têm uma grande influência na forma como entendemos o aqui e agora mas, como afirma Martin Schulman – não precisam de ter!


Estar "aqui" querendo estar "além" é negar o presente. Se o nosso aqui e agora não nos agrada, então mudemo-lo. Se não o podemos fazer, então aceitemos o momento e libertemo-nos internamente da situação.


É um facto que o melhor lugar para se viver nunca será no futuro, e muito menos no passado. Somente no "Agora" é que a Vida pulsa e acontece.

Por isso mesmo, estejamos nós onde estivermos, saibamos estar de corpo e alma. Estejamos por inteiro. Mergulhemos no momento e vivamo-lo! Seja lá qual for o momento.

Se o fizermos, mesmo nos momentos em que estamos a sós connosco, será mais fácil calarmos a vozinha na nossa cabeça - aquela vozinha que identificamos como sendo o nosso eu - que nos leva de volta ao passado, ou nos empurra para o futuro.


Desafio-o a fazer o seguinte: sempre que estiver só, e não esteja a fazer qualquer atividade, experimente deitar-se e fechar os olhos. Torne-se o observador dos seus pensamentos. Não se prenda a nenhum. Deixe-os em paz. Não lhes dê trela. Perceba quem você não é – a vozinha na cabeça. Entretanto, respire fundo… liberte-se da sua identidade… esqueça-se do seu nome, da sua idade, da sua história, dos seus dramas…apenas esteja presente…Sem nome… sem idade… sem história… sem corpo… Repare que agora você apenas “É”.

Permaneça nessa quietude onde não existe tempo nem espaço… Só existe a sua presença. Essa é a sua verdadeira identidade – quem você é de verdade.


Era isto que Jesus nos queria dizer quando afirmou que nos tornássemos como crianças. Quem, melhor que as crianças, consegue estar presente, por inteiro, no momento? Elas não só não se identificam com o pensamento, como estão plenas no aqui e agora. Elas apenas são!


Um dos nossos maiores desafios é transcendermos a nossa mente, no sentido de colocarmos esta ao nosso serviço, e não o contrário. O trabalho da mente é pensar. O nosso, de tomar as rédeas desse trabalho. Não significa que ao fazê-lo estejamos a negar o nosso passado, ou a esquecer o futuro. Não. O que acontece é que não nos demoramos naquilo que fizemos, ou não fizemos. Assim como não nos preocupamos com ideias hipotéticas acerca do futuro. Este tipo de postura não é, naturalmente, tarefa fácil. Requer esforço e atenção da nossa parte. Mas é altamente compensador.


Não é em vão que se apelida o aqui e agora de presente. Ao escolhermos viver ancorados no presente estamos a fazer bom uso da maior dádiva que nos foi dada – a Vida!


Estejamos, pois, presentes no nosso presente. A Vida agradece! E quem está à nossa volta também.



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