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O sentimento de Gratidão...

Mediante o que tenho observado, confundimos o “sentirmo-nos gratos” com o “vivermos com um sentido de gratidão”. À primeira vista pode parecer que se trata da mesma coisa, mas se formos mais fundo percebemos que não. Existe no sentimento de gratidão nuances que, embora ténues a um olhar desatento, são facilmente percebidas numa análise mais profunda.


Existe a gratidão motivada por aqueles fatores externos que nos proporcionam contentamento. Mas existe um outro tipo de gratidão que independe das circunstâncias externas. Esta última funciona como uma espécie de chave que abre muitas fechaduras na nossa vida.


Geralmente, quando se fala de gratidão, pensamos de imediato no sentirmo-nos gratos pelo que possuímos na vida e que, de algum modo, nos traz satisfação. Sejam pessoas ou bens.

Quando o nosso sentimento de gratidão é gerado/estimulado por fatores externos – pelo bem-estar da família, pelos amigos presentes, pela saúde que temos, pela casa que habitamos, pelo emprego que temos, pelo carro que possuímos, etc.,etc. – este baseia-se somente no “ter”. Trata-se, pois, de um sentir que faz jus ao que o dicionário nos diz quanto ao significado da palavra “gratidão”: “reconhecimento por um benefício que se recebeu; agradecimento; qualidade de quem é grato.”

Penso ser desejável ter bem presente este tipo de gratidão.


Já quando o sentimento de gratidão não se prende apenas com o que temos presente na nossa vida, damos um salto quântico na nossa compreensão sobre o verdadeiro significado de viver em gratidão.


A meu ver, não existe qualquer mérito no facto de sentirmo-nos gratos pelo que temos de bom na nossa vida. Se não o fazemos é por pura distração (vivemos tão focados no que não temos, que negligenciamos o que temos).

Aqueles que vivenciam situações de escassez, de perda, de doença, etc., e, mesmo assim, mantêm no seu dia-a-dia um sentimento de gratidão para com a Vida, esses, sim, têm o seu mérito. A esses, como se costuma dizer - tiro o meu chapéu.


Existe diferença entre “sermos gratos” e vivermos com sentido de gratidão.


Geralmente, quando nos sentimos gratos guiamo-nos apenas pelo que temos de bom, de agradável na nossa vida. Não existe espaço para o “desagradável”, muito menos para aqueles que, de algum modo, nos prejudicam.

Mas, quando vivemos com sentido de Gratidão nada é excluído – seja agradável ou não. É um sentir que abarca toda a existência onde nada, nem ninguém é excluído.

Aqui, a gratidão é motivada por fatores internos ao indivíduo e prende-se com um sentir que só pode ser obtido através de um olhar mais abrangente perante a Vida.


A maioria de nós, quando questionado sobre se se sente grato perante a vida, responde afirmativamente. Mas, se formos honestos com nós mesmos, sabemos que nem sempre é assim. Basta olharmos para o nosso dia-a-dia, os pensamentos que albergamos, os sentimentos que desenvolvemos, para percebermos o quão longe estamos desse sentimento de gratidão. Ao acolhermos no nosso coração sentimentos de ódio, de maledicência, de inveja, de queixume, estamos a dizer “não” ao vivermos uma vida baseada no sentimento de Gratidão.


Enquanto humanos, não somos perfeitos. Mas a vida que nos foi atribuída é a ferramenta ideal para caminharmos em busca dessa “perfeição”. E quando aqui falo de perfeição refiro-me ao sentimento de pertença em relação ao “Arquiteto do Universo”, a Deus, à Unidade. Sendo a Gratidão um dos elos que nos liga a Esse Todo do qual fazemos parte.

Como almas numa experiência humana, estou convicta de que o sentimento de ligação à Unidade é o objetivo último de todos nós. Como afirmou Edgar Cayce “O propósito da entrada de cada alma no mundo é completar um ciclo, aproximar-se mais do infinito, conhecer o objetivo com a entidade, na Terra.”


Cada alma tem a sua história… os seus desafios, o seu ritmo de evolução. Cada um faz o melhor que pode com o grau de compreensão que possui. Por isso é uma perda de tempo ocuparmos os nossos dias com queixumes, com as vidas alheias, com a maledicência que tanto nos afasta do aprimoramento da nossa pessoa e nos leva para tão longe desse sentimento de gratidão para com a Vida.


Saibamos, pois, olhar o Infinito… Sentir a grandiosidade do Universo ao qual todos pertencemos. E, nesse olhar, decidamos viver os nossos dias com um profundo sentido de Gratidão, estando sempre atentos a nós mesmos de forma a não nos desviarmos do nosso caminho - sermos melhor pessoas hoje do que o fomos ontem - uma tarefa para a vida inteira. Assim o queiramos nós.


Que o sentimento de Gratidão esteja sempre bem presente na nossa vida.



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